por Monica Lopes
Procedimento: Vidros
Pressão, tensão
nos músculos. Corpo as vezes torcido e em outros momentos
completamente largado no espaço. Cansaço de tanto se
debater. Grito, vontade de gritar e não poder. Rosto sem boca,
sem olhos. Cavidades se movem. Rosto em carne viva, vísceras
para fora do corpo, músculos, sangue. Impulsos de bicho,
garras. Pressão na cavidade da boca. Não há como
falar. Pele que rasga, deforma o rosto, o corpo. Pele que deforma
outra pele. Lábios, dentes. Vontade de gritar. Violência.
Pressão nos dentes, na boca, nos olhos. Musculatura em estado
de alerta, perigo. Olhar o espaço através dos vidros,
nada a fazer. Garganta anestesiada. Eu sou outro corpo, vazio. Nada a
fazer. Um corpo que olha o espaço e se move. Nada a fazer.
Eu sem rosto,
dilacerada, em carne viva, exposta, sangrando. O pulso do sangue, os
dentes rangendo. Meus dentes estavam presos, um mordedor? Imagens de
prisão, algemas, corpo em pedaços. Paisagem de tensão
por todos os lados e em todas as direções e era
contínuo. Pressão, partes do corpo sendo pressionadas,
parede. Sem olhos - com antenas? - espasmos do corpo tentando se
expandir e se libertar. Rosto sem olhos, sem nariz e sem boca.
Cavidades do rosto e do corpo se movendo pelo espaço. Rosto
sem olhos, mãos delicadas, amarradas com a cabeça.
Dificuldade de locomoção, impulsos vindos de fora. Algo
que empurra, sem controle. Sou atravessado. Cavidades se movem, nada
a fazer. Garganta anestesiada. Eu sou outro corpo. Corpo, vazio. Nada
a fazer.
Torções
do corpo pelo espaço, cotovelos que tentam abrir
espacialidades, giros. Mãos que pressionam, empurram o espaço,
pele do rosto que se move e move todo o corpo em impulsos. Escápulas
com peso para baixo. Rosto pressionado, testa, nariz, bochecha, boca,
dentes. Pressão do rosto, pele do rosto que rasga. Mãos,
dedos que movem, delicadeza. Cabeça segue o rosto, e as pernas
seguem a continuidade do impulso. Pescoço, garganta, mãos
e braços pressionados. Espasmos, musculatura da boca tremendo.
Nada a fazer. Garganta anestesiada. Eu sou outro corpo. Corpo, vazio.
Nada a fazer.
12.5.12
Cavidades...
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O Núcleo Cinematográfico de Dança originou-se de um grupo de pesquisa, sediado no Estúdio Nova Dança, em São Paulo, em 2002. Em 2004 firmou-se como uma companhia profissional, mas mantém ao longo desses anos este outro grupo que segue com suas investigações paralelas aos trabalhos do Núcleo, sempre fomentando questões sobre metodologias de criação e treinamento técnico. Hoje esse
grupo de pesquisa, nomeado 16 mulheres e 1/2, embora ainda uma extensão do Núcleo Cinematográfico de Dança, se expandiu e se fortaleceu, agregando outros criadores-intérpretes.
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