tentando conexões com respostas


Impressões da Casa da Purpurina


Agradecimento Demolições
Demolições
Controle
por Mariana Sucupira
Desde o começo do semestre passado, venho tentando trabalhar com um procedimento de acúmulos, adicionando camada sobre camada de cada um dos materiais investigados. A mesma célula vem se transformando a cada encontro, deixando passar alguns fragmentos - porque não quero, ou me esqueço - somando outros, somando de outros. Agora tenho uma célula "pinball-esfenóide-espaço-câmera-subjetiva-movimentos dos outros-palavras-desenhos-objeto-banco". A retomada do trabalho com os "objetos faciais", no entanto, tem sido interessante, porém bastante desafiadora para mim. Se não me encontro mais naquele lugar, para onde ir agora? O objeto era para mim a representação de uma aceitação, transparência e nào necessidade de controle (veja bem: isso é diferente de descontrole!!). Então pensado nessa coisa do controle/ não controle/ descontrole, me lembrei de um vídeo que vi há pouco tempo e gostaria de compartilhar....Para quebrar um pouco o lirismo que às vezes percorre o blog, ou as pesquisas....Enfim, é sobre o rosto sem controle....
Veja nessa ordem:
Retorno ao Rosto e à Cortázar 2
ou O Não Reconhecimento
mais um conto, mais um Cortázar, e a sensação de reconhecer-me qual um cronópio.
ou Ainda Bem que Agora Eu Não Tenho Cabeça
Decidi voltar a ler os contos de Histórias de Cronópios e de Famas de Julio Cortázar. Na mesma época em nossos encontros, retornamos ao nosso rosto. Ao nosso objeto-rosto, rosto-coisa. Foi estranho e confuso essa máscara e não, caos, buraco dentro. Cortázar retumbou dentro, certeiro e junto. Caiu como uma luva na mão que nem sei se tenho ou qual a forma... eis...
em nossa pequena pausa de duas semanas sem encontros, estive no Rio de Janeiro. louco quando se está envolvido em um trabalho, que tudo ao redor parece querer te dizer de novo as mesmas poéticas numa insistência temática e retórica. como se o mundo se configurasse todo nas mesmas metáforas, nos mesmos indícios de sentido ou perda de sentido... nesse período no Rio, em uma mostra sobre a estética punk e pós-punk, me deparo com David Wojnarowicz e sua obra Rimbaud em Nova Iorque. Várias coisas de seu trabalho me deixaram atônita e me fizeram retomar em experiência uma vez mais nossas pesquisas.
quando você percebe no rosto do outro o seu. quando um rosto cataliza outros rostos em sua semelhança. quando um trabalho de um artista te espelha tanto que te engole tanto que o rosto dele se cola ao seu. quando a sociedade te imprime um rosto a despeito do seu desejo ou consciência. quando.
eis David. o primeiro homem a invadir minhas reflexões nesse blog.
sigo ainda um pouco no que ainda vibra do semestre passado. eu sem rosto. sem me reconhecer com um rosto. sem ter uma dança cujo rosto eu reconheça. penso em cabelos ao invés de rosto. cabelos loiros que nem são como os meus, em verdade castanhos. mais uma vez, francesca woodman me bate à porta. mais uma vez.
reverberações.1
Por Carolina
muito anda me atravessando. atravessando. atravesso sensações do muito que chicoteou em meu peito esse semestre. e é muito. vou aos poucos irem saindo de mim algumas imagens, algumas sensações, algumas atmosferas. quero deixar que elas vazem para fora. saiam a buscar espaços seus. fora de mim.
por hoje, volto a Hilda Hilst. um trecho de A Obscena Senhora D.
(...) abro a janela nuns urros compassados, espalho roucos palavrões, giro as órbitas atrás da máscara, não lhes falei que recorto uns ovais feitos de estopa, ajusto-os na cara e desenho sobrancelhas negras, olhos, bocas brancas abertas? Há máscaras de focinhez e espinhos amarelos (canudos de papelão, pintados pregos), há uma máscara de ferrugem e esterco, a boca cheia de dentes, há uma desastrada lembrança de mim mesma, alguém- mulher querendo compreender a penumbra, a crueldade - quadrados negros pontilhados de negro - alguém-mulher caminhando levíssima entre as gentes, olhando fixamente as caras, detendo-se no aquoso das córneas, no maldito brilho
Hillé, andam estranhando teu jeito de olhar
que jeito? você sabe é que não compreendo
não compreende o quê?
não compreendo o olho, e tento chegar perto. Também não compreendo o corpo, essa armadilha, nem a sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que me olham nesta vila onde moro, o que é casa, conceito, o que são as pernas, o que é ir e vir, para onde Ehud, o que são essas senhoras velhas, os ganidos da infância, os homens curvos, o que pensam de si mesmos os tolos, as crianças, o que é pensar, o que é nítido, sonoro, o que é som, trinado, urro, grito, o que é asa hen? Lixo as unhas no escuro, escuto, estou encostada à parede no vão da escada, escuto-me a mim mesma, há uns vivos lá dentro além da palavra, expressam-se mas não compreendo, pulsam, respiram, há um código no centro, um grande umbigo, dilata-se, tenta falar comigo, espio-me curvada, winds flowers astonished birds, my name is Hillé, mein name madame D, Ehud is my husband, mio marito, mi hombre, o que é um homem?
Eixo transversal que me atravessa como uma bacia em meu crânio, que me gera uma presença particular, que me define a partir do meu olhar, fazendo me presente num relacionar do interno e externo, num mesmo momento.
Mariposa esfenoidal que habita o centro das minhas idéias, tu flutua e plaina num ar quase rarefeito que me direciona num vai e vem, num cima e baixo que me norteia e me desnorteia instantaneamente na linha do tempo e do espaço.
Oitavo osso da minha cabeça, tu perfura o espaço tão claramente que seu planar e seu pouso deixam rastros definidos e estabelecem linhas de tensão e fluxos de ir e vir, que muitas vezes, eu simplesmente só consigo te seguir.
Quando não tenho tanta energia para lhe oferecer tu carrega meu peso quase que me abandonando e me desmantelando mas no fim sempre acabo nos levitando. Na verdade eu ainda não entendo muito bem minha mariposa: eu carrego você ou você me carrega?
É uma questão....
Ilana Elkis
Por Juliana Gennari
Ao (re)visitar o esfenóide uma série de explosões sucessivas, realizadas de tal modo que o desmoronamento por elas causado tende a concentrar-se num ponto central me:
Ancorando
Apoiando
E arremessando
em diferentes direções do espaço dentro, fora e entre esfenóides (?).
Um espaço preenchido de imagens e sensações, de afetos e desafetos onde a relação do "corpo esfenoidal" com o espaço físico e o imaginário desenham expressivamente o percurso habitado permitindo-se implodir ou explodir (?)
O permear entre esses territóreos e a projeção espacial a paritr desses, gerou uma dança. E naquele momento o que mais importava era o estado de presença, o ser e estar no esfenóide.
O trabalho do performer Tony Orrico me conquistou pelo estado de presença. O poder do estado de presença.
Esse vídeo é uma de suas performances..
por Carolina Nóbrega
O esfenóide, animal a espreita dentro do crânio. Se fosse mesmo um animal, o osso ao redor dos olhos seriam a saida da toca. Meus olhos, não mais meus olhos, mas os olhos desse animal, esfenóide, a espreita. Animal irriquieto a se mover dentro do crâneo em múltiplas direções... o crâneo é o esconderijo.
O animal observa... as vezes ataca e alça pequenos vôos para fora, plana no espaço, abre suas asas. Depois retorna, para dentro da cabeça, e observa, ele quer saber tudo, por todos os ângulos, se interessa por todas as coisas. As vezes o crâneo parece o aprisionar... ele imprime multiplas linhas pra fora até pressionar a cabeça para novamente dar seus saltos. Ele carrega meu corpo com ele, ele implode meu corpo de dentro, e ele vai em múltiplas direções. Ele não me dá descanço. Difícil pedir a ele silêncio e que se mantenha quieto em sua morada. Ele quer sair. Ele quer sair sempre mais e para todos os lados. Perco o sono por conta desse animal ósseo.
e mais uma vez, Rebecca Horn.
Atravessamentos




Visor 3D!!

por Marília Coelho
por Mariana Sucupira
Olhar de novo para uma pequena parte do corpo é sempre distinto. Mudam as células, muda meu estado de ser/ estar no mundo. Mas quase sempre a investigação do movimento a partir do esfenóide me leva pelo mesmo caminho.
O esfenóide me parece, geotopograficamente falando, um dos ossos mais complexos do corpo, se não o mais. A sua formação em múltiplas direções espaciais me traz um sensação de explosão. O esfenóide é um osso explodido. E essa metáfora reverbera no corpo tanto como o impulso/pulso de uma explosão (implosão?), como as direções da dança no espaço. E de repente, em um determinado momento, tudo parece ficar em um estado de suspensão.
Ano passado revi essa cena do filme Zabriskie Point, do Antonioni e, por enquanto, é o jeito mais concreto que consigo ilustrar essa sensação...
por Monica Lopes




Esfenóide, o retorno!
por Monica Lopes

Quebra-cabeça
por Mariana Sucupira
Quem vem junto:
Por um desajuste institucional vivido durante minha formação em Artes Cênicas, decidi viajar sem destino certo pelo nordeste do país. Nesse contexto me aproximei de uma arte menos institucionalizada, dançada na rua, de homens e mulheres que gritavam para fora verdades físicas. A partir disso me interessei pela performance, pela intervenção e, junto com outros parceiros, fundei o Grupo do Trecho (grupodotrecho.ato.com) e (grupodotrecho.blogspot.com). Desse trabalho, fui aprofundando uma pesquisa pessoal corporal em dança que contrasta a ancestralidade e o espaço urbano, bastante inspirado pelo trabalho da artista plástica Ana Mendieta.

Sou pesquisadora, criadora e professora de dança. Bacharel e licenciada em dança pela Unicamp. Meus focos de interesse estão mais presentes na relação com o movimento com as suas intensidades e imagens, na dramaturgia que se inscreve no corpo, na improvisação, composição e presença cênica. Atualmente sou integrante da Cia Damas em Trânsito e os Bucaneiros, e parceira do Núcleo Cinematográfico de Dança e da Balangandança Cia. Para mim é enriquecedor fazer novas parcerias com artistas e coletivos que tenham questões que me instigam como intérprete e criadora.
Transito entre a dança, a arquitetura e o urbano. Questões como o desenho, a construção e a ocupação do espaço me interessam muito. Seja através do corpo, do elemento construído ou da imagem. As pesquisas em Laban, assim como estudos de coordenação motora e técnicas de educação somáticas amparam esse transitar. Atualmente meu foco sobre essas questões está na relação entre o espaço externo e o interno, não só como dualidade, mas também como unicidade e cooperação.

Brasileira, sexo feminino, cabelos e olhos castanhos, netas de judeus ucranianos e tataraneta de italianos. Nascida em São Paulo na Avenida Paulista no dia 1 de julho de 1982, ás 2:34 a.m. Profissão: Artista emergente, intérprete emergente, criadora emergente, gestora emergente, e ainda talvez, bióloga e pesquisadora do corpo vivo. Pernas curtas, pequena, magrela e cabeluda, se confunde espacialmente com direita e esquerda e ultimamente insiste em pesquisar fisicalidades a partir dos sistemas arterial e nervoso. Insiste em cavoucar essas qualidades e estados separadamente, e de quando em vez, de maneiras híbridas, como camadas sobrepostas em sua fisicalidade. Atualmente se ocupa em experimentar um corpo que transita entre desenhos definidos, rascunhos e borrões e que se auto observa em sua propria praxis reparando e organizando suas emergencias
Ligada em despropósitos como toda boa aquariana, sempre quis peneirar água com a peneira. Num desses despropósitos, eu, que sempre fui do movimento, encontrei na dança uma forma de transver o mundo. Adoro pular carnaval e como grande brincante da vida, não demorou para que eu chegasse nas danças populares brasileiras e, contaminada pelo vírus da possibilidade de criação, cheguei na dança contemporânea. No momento, são muitos os despropósitos da dança que me interessam mas ando muito ligada em experienciar e propiciar aos meus alunos e vocacionados (dou aula de dança contemporânea e brasileira à crianças e adolescentes e sou artista orientadora de dança do Programa Vocacional) diferentes procedimentos de criação em dança(s) sejam ela (s) contemporânea, brasileira, ou talvez, uma dança contemporânea brasileira ou ainda uma dança brasileira contemporânea(?). Com ascendente em Gêmeos, a dúvida também sempre me acompanhou!


Existem dois aspectos que me guiam na vida: um ligado à curiosidade, o outro, à invenção. Por enquanto, uso isso nos meus trabalhos de dança, teatro e performance, e também, cinema e vídeo, principalmente em parceria com grupos, coletivos, companhias ou pessoas legais. Mas ainda tenho desejo de ser arquiteta, detetive e neurocientista.
Vivo traçando caminhos e linhas de fuga entre impossibilidades e possibilidades, em busca do inesperado. Um turbilhão dentro e fora, inalando e exalando maneiras de ver, ouvir, sentir e provocar o movimento. Em auto-movimento. Sou formada em dança pela Universidade Anhembi Morumbi e profissional desde 1989. Passei por escolas e mestres em São Paulo que dedicavam-se a somar arte e ciência como suporte à formação do criador-intérprete. Integro como criadora-intérprete as cias: Cia. Oito Nova Dança (desde 2001) e Balangandança Cia. (desde 2006). Integrei o espetáculo “Antes da Queda” com direção de Juliana Moraes e o processo de criação do espetáculo “(Depois) de Antes da Queda. Sou co-fundadora do Núcleo Cinematográfico de Dança, onde desenvolvo desde 2002 uma pesquisa entre cinema e dança e atuo como co-diretora e criadora-intérprete. Entre 2002 e 2006 fui professora no Estúdio Nova Dança. Desde 2007 dou continuidade ao ensino e criação em dança contemporânea na Sala Crisantempo, em São Paulo. Oriento o grupo 16 Mulheres e 1/2 em reflexões, práticas e criação sobre dança contemporânea - pelo Núcleo Cinematográfico de Dança.

Minha pesquisa se refere a relação entre a dança e a música, a voz e a dança contemporânea. Neste momento ando particularmente interessada na pesquisa de imagens corporais como desenhos, traços de linhas, que se fazem dentro e fora do corpo - através da relação entre a dança e a fotografia. Participo atualmente de dois núcleos: o Limiar - núcleo de pesquisa entre dança, música e fotografia: nucleolimiar.blogspot.com e a Cia. da Estrela – núcleo de intervenções urbanas: ciadaestrela.blogspot.com
Sou hiperativa e entusiasta. Tento fazer da minha vida o meu trabalho, tento não ser mais uma pedra de concreto em São Paulo e tento andar de skate (o que me inspira muito a me mover). Tenho esperança de um mundo melhor e escolhi agir começando por mim mesma! Mais sobre minha dança: senteovento.com
16 mulheres...
Nós
Andreia Guilhermina